Preacher é uma das séries mais notórias já lançadas pelo selo Vertigo da DC. A qual conta a história de Jesse Custer, um padre com um passado obscuro, que, durante uma pregação tem em seu corpo aprisionado acidentalmente uma entidade híbrida, prole de um relacionamento entre um anjo e um demônio. Esta criatura, chamada Genesis, o concede um poder sobrenatural, que lhe permite controlar qualquer pessoa apenas ditando a sua vontade. Após descobrir que Deus ausentou-se do céu, Jesse, junto a Proinsias Cassidy, um vampiro irlandês beberrão que viveu mais de cem anos, e Tulip O’Hare, um amor do passado, viajam pelos Estados Unidos a procura de respostas.
Tendo o seu primeiro volume publicado em 1995, e concluído a historia em 2000, Preacher conta com 66 volumes mensais e seis edições especiais - um número bem sugestivo. A Graphic Novel foi escrita por Garth Ennis, roteirista conhecido principalmente pelo seu trabalho em Hellblazer, e Steve Dillon, o quadrinhista que também teve participação no roteiro. Atualmente, Preacher está sendo lançado em volumes encadernados no Brasil pela Panini, e é possível ler o primeiro capítulo traduzido no hotsite oficial. Eu lembro que anteriormente o quadrinho tinha sido lançado do jeito tradicional e o que mais me deixava intrigado na época eram as ilustrações das capas, feitas por Glenn Fabry. A técnica e o estilo são impressionantes, o conhecimento anatômico desse cara é algo a ser contemplado; chega a ser um pouco decepcionante quando se compara com a arte do quadrinho em si, mas não em razão do trabalho de Dillon, que mudou de estilo com o tempo, e sim a colorização. A paleta de cores é boa, mas a técnica de sombreamento em degradê me incomodava às vezes, mas isso é algo irrelevante e não tira o brilhantismo de toda a série.
A minha experiência com quadrinhos ocidentais é bem recente, além dos preços no Brasil não serem muito convidativos, eu convivi bem mais perto do universo dos animes e mangás. Quando decidi ler Preacher, foi em razão de ser uma história fechada, diferentemente dos quadrinhos convencionais de heróis. O desenvolvimento dos personagens, no decorrer da historia não é necessariamente o ponto mais forte, mas a personalidade de cada um é bem definida e fogem de uma imagem idealizada, é um mundo bem verossímil em alguns aspectos e faz o leitor crer no universo, e até o exagero e o humor de algumas situações é uma boa crítica a nossa própria realidade. Não pode ser o melhor exemplo, mas é bem como a sociedade americana é retratada em Grand Theft Auto: O estilo de vida, as mazelas, e a crueldade humana são satirizados.
Eu não sei qual foi a repercussão de Preacher na época, mas eu tenho certeza que até hoje geraria várias polemicas. Além dos assuntos religiosos tratados na série, que já são o suficiente para não agradar muita gente, o humor tanto quanto mórbido talvez não tenha agradado outra parcela. Um dos exemplos é a história de Arseface, um jovem garoto, que após a morte de seu ídolo, Kurt Cobain - recente na época da publicação - resolve cometer suicídio com um tiro na cabeça, mas acaba sobrevivendo, sofrendo consequências irreversíveis e, ironicamente, é o alivio cômico.
Recentemente, circulou uma noticia na internet que tinha sido aprovado o pitch para a serialização do quadrinho pela AMC, emissora de TV americana que fez Breaking Bad e The Walking Dead. A série de TV vai ser produzida por Seth Rogen, famoso ator de comédia. Eu não sei o que esperar, mas se for feita do jeito certo, tem tudo para ser um dos melhores programas que o canal pode transmitir futuramente. Preacher talvez não seja o melhor quadrinho recomendado para a sua vó ler – nesse caso, dê a ela uma edição da turma da Mônica jovem – mas é uma graphic novel que vale a pena a ser conferida e é uma das melhores que eu li até agora.
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